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A pancreatite, geralmente descrita como qualquer inflamação do pâncreas, é uma doença grave que se manifesta nas formas aguda ou crônica.
Enquanto a aguda tem início súbito e curta duração, a crônica se desenvolve gradualmente e piora com o tempo, resultando em danos permanentes aos órgãos.1
Esse problema pode gerar lesões nos tecidos peripancreáticos, que podem se estender para sistemas orgânicos remotos e até para a falência de órgãos em casos mais graves.2
Entretanto, a maioria dos casos corresponde a manifestações mais leves da doença que se restringem ao pâncreas.2
Segundo um estudo recente sobre o perfil epidemiológico de desordens pancreáticas no Brasil, houve um aumento nos casos da doença no país, o que pode ser avaliado como uma resposta ao crescimento de hábitos nocivos pela população.3
O grande problema, contudo, é quando não é tratada. Apesar de acometer significativamente uma parte da população mundial, a pancreatite tem cura, desde que seja tratada adequadamente e precocemente.3
Porém, quando não é este o caso, pode levar a quadros graves, direcionando a óbito cerca de 20% a 30% dos pacientes acometidos.3
Portanto, ter novas informações sobre essa condição é essencial tanto para prevenção, evitando que aconteça, quanto para a percepção dos sintomas, buscando ajuda médica quanto antes.
Sendo assim, neste conteúdo reuniremos respostas para as principais dúvidas relativas ao tema: o que é pancreatite, o que causa, quais são os sintomas, tipos, tratamentos, medicamentos e muito mais. Boa leitura!
Pode ser definida como uma vermelhidão e inchaço (inflamação) do pâncreas, algo que acontece quando os sucos digestivos ou enzimas atacam.4
Para que você tenha uma visualização melhor, o pâncreas fica atrás do estômago, no lado esquerdo da barriga. Está perto da primeira parte do intestino delgado (duodeno).4,5 É uma glândula que tem duas ocupações principais:4
Além disso, a doença pode ser súbita (aguda) ou contínua (crônica), podendo ter evoluções em sua gravidade. Veremos mais sobre as principais diferenças a seguir.
Agora que você já sabe o que é, veja os detalhes dos três tipos: aguda, crônica e necrosante. Saiba como diferenciá-los.
A forma aguda é uma das principais causas de internações hospitalares relacionadas a problemas gastrointestinais. Contudo, é uma condição temporária.5
Normalmente ocorre quando o pâncreas está tentando se recuperar de uma lesão leve e de curto prazo. Sendo assim, a maioria das pessoas se recupera completamente em poucos dias com cuidados de suporte: repouso, hidratação e alívio da dor.6
Já a crônica é uma inflamação do pâncreas que retorna consistentemente ou ocorre ao longo de um longo período de tempo.5 Ela não desaparece e piora com o tempo.6
A doença eventualmente causará danos duradouros ao pâncreas, embora possa levar muitos anos. Isso porque a inflamação constante provoca a formação de cicatrizes nos tecidos da glândula (fibrose), o que impede a produção de enzimas e hormônios.6
Portanto, a condição pode danificar as células que produzem insulina, que é um hormônio importante para regular a quantidade de açúcar no sangue.5
Então, quando danifica essas células, leva ao desenvolvimento de diabetes em cerca de 45% das pessoas com a doença já neste estágio.5
Normalmente, quando falamos sobre tipos de pancreatite, estes são os dois citados. Contudo, se o tratamento não for feito, pode levar a circunstâncias ainda mais sérias. Veja a seguir.
Casos graves da forma aguda podem evoluir para a necrosante, que se refere à morte de células devido à doença, o que ocorre em cerca de 10% dos casos, geralmente quando não é tratada.5
A inflamação da glândula pode fazer com que enzimas digestivas vazem para o pâncreas, resultando em danos e morte do tecido, levando ao agravamento da doença.
A infecção do tecido morto aumenta o risco de morte por pancreatite necrosante, portanto, é muito importante procurar tratamento o mais rápido possível.5
Como este tipo é menos comum e uma evolução da aguda, seguiremos o conteúdo ressaltando os principais aspectos, desde sintomas até tratamento para as duas formas de maior ocorrência: aguda e crônica. Confira mais.
Os principais sintomas são:
Confira os detalhes de cada um.
A dor abdominal é frequentemente localizada na parte superior do abdômen. Esse sintoma é considerado um dos primeiros sinais da condição, embora nem sempre seja muito intensa inicialmente. Com o tempo, pode se tornar mais pronunciada.4
Além disso, é comum que a dor associada à pancreatite muitas vezes irradie para as costas. Esta é outra manifestação comum e pode ser experimentada como um desconforto contínuo.5
Assim como no primeiro caso, a irradiação para as costas pode não ser imediatamente intensa, mas tende a aumentar com a progressão da doença.
Portanto, ressaltando: a dor abdominal pode ser moderada a grave e pode irradiar para as costas. A aguda tende a ser mais grave, com qualidade penetrante.7
Já na crônica, a dor pode variar em intensidade. Pode ir e vir, mas normalmente não desaparece completamente. É comum notar esse sinal logo depois de comer,7 como veremos a seguir.
Outro sintoma da pancreatite é que a dor geralmente piora após as refeições, especialmente quando estas são ricas em gorduras. Este é outro dos primeiros sinais da condição crônica, e a intensidade pode variar de pessoa para pessoa.7
Portanto, é comum que refeições mais pesadas desencadeiem ou agravem a dor.
A ocorrência de náuseas e vômitos também é comum, tanto na aguda quanto na crônica.5 Esses sintomas podem ser desencadeados pela dor abdominal intensa e podem contribuir para a desidratação do paciente.
A doença pode causar uma febre leve, geralmente abaixo de 38,3°C. Pode persistir por vários dias e é uma resposta do corpo à inflamação do pâncreas.7
A doença pode levar a uma aceleração dos batimentos cardíacos, também conhecida como taquicardia. É mais comum na pancreatite aguda, assim como uma respiração rápida e superficial, mas pode ocorrer em todos os tipos.6
O abdômen pode ficar inchado e sensível ao toque devido à inflamação do pâncreas e à dor. O inchaço pode ser perceptível, enquanto a sensibilidade pode variar de moderada a intensa.6
A doença pode levar a uma perda de peso não intencional, especialmente na condição crônica. Esse sinal pode ocorrer devido à diminuição do apetite causada pela dor e pelos distúrbios digestivos associados à condição.6
As fezes podem se tornar oleosas e de cor mais clara devido à má absorção de gorduras pelo sistema digestivo comprometido pela condição crônica. Esse sintoma está relacionado à disfunção pancreática na produção de enzimas digestivas.5
O diagnóstico pode ser difícil porque os sinais e sintomas da pancreatite são semelhantes aos de outras condições médicas. Ainda assim, o médico conversará, examinará e encaminhará para exames de sangue.8
Você também pode realizar alguns exames de imagem, incluindo:4
Contudo, pode ser mais difícil diagnosticar o tipo crônico, pois os sintomas conseguem ser sutis ou facilmente confundidos. Os testes e exames para esse tipo são os mesmos, mas podem ser adicionados:8
O CID (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) é utilizado por profissionais da saúde para classificar e monitorar a incidência e prevalência de doenças, por meio de uma padronização universal.11
O CID de pancreatite aguda é K85. Já a crônica está englobada no K86, como "outras doenças do pâncreas".12
Vale lembrar, ainda, que este tipo de informação é mais importante para os médicos e órgãos de saúde do que para o paciente em questão.
Os dois tipos compartilham muitas das mesmas causas. Estes incluem:
Confira os detalhes de cada um.
A presença de cálculos biliares, pequenas partículas endurecidas na vesícula biliar, é um dos principais motivos.5
Quando esses cálculos migram e obstruem o ducto pancreático, a liberação inadequada de enzimas digestivas pode levar à inflamação do pâncreas.
Esse processo doloroso é conhecido como pancreatite biliar e pode ser desencadeado por episódios recorrentes de obstrução.
O abuso crônico de álcool é outra das principais razões da ocorrência da doença. Pois, quando consumido em excesso, pode causar lesões nas células pancreáticas, levando à inflamação.6
A pancreatite induzida pelo álcool muitas vezes é associada a danos progressivos e irreversíveis ao pâncreas.
Contudo, a quantidade e a duração do consumo dessas bebidas são fatores importantes nesse contexto, e a interrupção desse hábito nocivo é crucial para prevenir recorrências e agravamento da condição.
Traumas físicos, como acidentes automobilísticos ou quedas, podem resultar em lesões no pâncreas, desencadeando a inflamação.6
A pancreatite traumática pode ser grave e requer cuidados médicos imediatos para evitar complicações. A gravidade da lesão abdominal muitas vezes determina a extensão da resposta inflamatória no pâncreas.
Algumas cirurgias abdominais, especialmente aquelas que envolvem o pâncreas ou os órgãos adjacentes, podem aumentar o risco de ocorrência da doença.9
A manipulação do tecido pancreático durante o processo cirúrgico pode desencadear a inflamação, exigindo monitoramento cuidadoso e medidas preventivas.
Alguns medicamentos, como certos antibióticos, corticosteroides e medicamentos para tratamento do HIV, foram associados ao desenvolvimento da doença.8,10
Embora esse efeito colateral seja raro, a avaliação dos riscos e benefícios do uso desses fármacos é crucial, especialmente em pacientes com fatores de risco adicionais.
Certas infecções virais, como caxumba e hepatite, podem causar inflamação no pâncreas como parte de sua apresentação clínica. Isso ocorre porque o sistema imunológico pode entrar em resposta à infecção, inadvertidamente afetando o pâncreas.10
Outros fatores que podem desencadear a doença são:
Embora alguns casos da condição na forma aguda possam desaparecer por conta própria, irá depender da causa e da gravidade. Entretanto, a maioria das pessoas precisa de medicamentos para alívio da dor.6
Já alguns indivíduos precisarão de cuidados de emergência, com cuidados intensivos devido a complicações. Outros tratamentos podem incluir:
Se a causa tiver sido resolvida e você não tiver pancreatite grave ou complicada, o cuidado se concentrará em apoiar o processo natural de cicatrização do seu corpo. O que geralmente engloba:6
Caso a doença tenha sido causada por cálculos biliares, o médico pode precisar remover um cálculo de seus ductos.
Eles também podem recomendar a cirurgia de remoção da vesícula biliar para evitar problemas futuros causados por cálculos biliares.5
Os procedimentos podem incluir:
Se houver complicações, você também pode precisar de antibióticos, procedimentos para drenar fluido ou remover tecido morto ou cuidados intensivos.6
Para os casos da forma crônica, o médico pode encaminhá-lo a um especialista (gastroenterologista). O tratamento começa com o controle da dor e mudanças no estilo de vida para desacelerar a progressão da doença.
Eventualmente, pode ser necessário suplementos enzimáticos e injeções de insulina para substituir as enzimas que o seu pâncreas não produz mais.6
É de extrema importância parar de beber álcool e de fumar. Esses fatores contribuem significativamente para a pancreatite e aceleram a progressão da doença. Também é crucial manter uma dieta balanceada, pobre em gorduras, rica em frutas e vegetais, e beber bastante água diariamente.5
O manejo da dor a longo prazo pode ser complexo. Pode ser necessário experimentar diferentes medicamentos e procedimentos para encontrar o que funciona para cada pessoa.
Em alguns casos, procedimentos endoscópicos para remover tecido cicatricial ou pedras no pâncreas podem melhorar os sintomas. A injeção de agentes anestésicos locais nos nervos da glândula (bloqueio do plexo celíaco) é outra opção para alguns pacientes.6
Com o tempo, muitas pessoas com a doença podem desenvolver insuficiência pancreática exócrina (IPE). Elas precisarão tomar enzimas pancreáticas em forma de suplemento.
Também podem precisar de suplementos nutricionais para obter calorias e micronutrientes suficientes (vitaminas e minerais).7
Se a inflamação grave estiver concentrada em um local específico e essa parte estiver causando dor insuportável ou complicações, o médico pode sugerir cirurgia para remoção deste pedaço do pâncreas (ressecção).
Em casos muito avançados, quando a glândula foi gravemente danificada e ainda causa dor significativa, eles podem recomendar a remoção total (pancreatectomia total).6
A forma aguda geralmente melhora por conta própria ao longo do tempo e a maioria das pessoas se recupera sem problemas. Um pequeno número de casos resulta em acúmulo de líquido ao redor do pâncreas, exigindo drenagem.4
Já a crônica também pode melhorar por si só, mas pode levar mais tempo, após alguns episódios. Além disso, esse tipo tem um maior risco de apresentar problemas a longo prazo, tais como:4
Se você chegou a esse conteúdo se perguntando se “pancreatite é grave”, viu que a resposta pode ser positiva quando não ocorre uma investigação médica sobre o problema, fazendo com que ele se intensifique e piore a condição do pâncreas até ser devidamente diagnosticado.
Vale lembrar, ainda, que dependendo do motivo, talvez você não consiga prevenir a doença, afinal, até medicamentos causam pancreatite. Ainda assim, alguns detalhes podem ser incluídos no seu dia a dia para reduzir o risco:
A doença é altamente tratável, mas complicações podem ser graves, portanto, o diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para a recuperação.
Além disso, é importante lembrar que o uso de álcool é um dos principais fatores de risco, então limitar a quantidade de bebida ou não beber é fundamental.
Como vimos, é possível controlar a doença com um estilo de vida saudável e equilibrado, além de tratamento médico quando necessário. É particularmente importante para ajudar na recuperação.
Afinal, a pancreatite é uma condição dolorosa que ocorre quando o pâncreas fica inflamado. Os dois principais tipos são o agudo, que ocorre repentinamente, e o crônico, que é duradouro.
Os maiores fatores de risco são o uso excessivo contínuo de álcool e cálculos biliares, embora outras causas possam desempenhar um papel, como histórico familiar, trauma na área do pâncreas e infecções, entre outros.
Em alguns casos, para alívio específico dos sintomas de dores abdominais, um medicamento que combina ação antiespasmódica e analgésica ajuda bastante a resolver o problema.
Um exemplo dessa classe de fármacos é o Buscopan Composto, que contém butilbrometo de escopolamina (antiespasmódico) e dipirona (analgésico) em sua formulação.
A combinação dessas duas substâncias propicia dupla ação, analgésica e antiespasmódica, e atua com eficácia no combate à dor por meio do relaxamento das fibras musculares na região abdominal.
Lembre-se de confirmar com o seu médico se você pode tomar esse medicamento e quais são as doses recomendadas.
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