Gastrite crônica: o que é, sintomas e tratamento
A doença é conhecida e estudada desde as primeiras décadas do século 20, mas recebeu mais atenção em 1982, após a descoberta da bactéria Helicobacter pylori1.
Hoje, a versão crônica da gastrite é uma das infecções pandêmicas mais comuns e pode ter consequências severas, como úlcera péptica e câncer gástrico1.
Para a maior parte das pessoas afetadas, no entanto, o caso não é grave e melhora rapidamente com o tratamento.
Quer entender melhor esse quadro? Continue a leitura do artigo e entenda o que é, a classificação de acordo com a gravidade, os sintomas e os protocolos de tratamento seguidos.
O que significa gastrite crônica?
Gastrite crônica é um distúrbio gastrointestinal que ocorre quando a mucosa que reveste o estômago fica inflamada. Diferentemente da gastrite aguda, na qual a irritação aparece e causa sintomas rapidamente, o tipo crônico se desenvolve de maneira gradual e, por isso, é mais difícil de diagnosticar2.
Um ponto positivo é que depois de ser identificada e tratada, é possível se curar da doença. Porém, os pacientes precisam de monitoramento contínuo, além de manter hábitos saudáveis e evitar os que podem desencadear novas crises2.
O principal motivo para esse monitoramento é que uma inflamação em longo prazo tem chances de se tornar erosiva. Isso significa que o processo inflamatório pode se aprofundar na parede do estômago e levar a outros problemas mais sérios2.
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Causas e categorização da doença
Existem diversos fatores que causam a inflamação crônica do estômago, e os principais são:
- infecção bacteriana (especificamente a Helicobacter pylori)2;
- ingestão de bebidas alcoólicas em excesso2;
- refluxo biliar2;
- uso de drogas (o uso frequente dessas substâncias irrita o revestimento do estômago);
- estresse2;
- outras doenças crônicas, como diabetes ou insuficiência renal2;
- sistema imunológico fraco2.
De acordo com as causas do problema, a gastrite crônica é categorizada em três tipos:
- Tipo A: surge quando o sistema imunológico destrói células do estômago, o que pode aumentar o risco de deficiências vitamínicas, anemia e câncer2.
- Tipo B: o mais comum, causado pela bactéria H. pylori, e pode resultar em úlceras estomacais ou intestinais e câncer2.
- Tipo C: provocado pela ingestão frequente de substâncias que irritam a parede do estômago, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), álcool ou bile. Também pode causar erosão e sangramento no estômago2.
O tratamento feito corretamente evita que um quadro de gastrite crônica leve, que atinge apenas uma parte do estômago, evolua para uma gastrite crônica moderada que compromete mais a saúde do órgão.
O estágio mais grave é a atrofia gástrica, quando a inflamação toma toda parede estomacal e ainda apresenta lesões2.
Quais são os sintomas de gastrite crônica?
Os sintomas da gastrite crônica nem sempre são aparentes e causam desconforto. Porém, os pacientes que apresentam sinais, geralmente, sentem dor na parte superior do abdômen (pode piorar ou melhorar com a alimentação), indigestão, queimação, inchaço na barriga, náusea, vômito, arrotos, perda de apetite e perda de peso2 3.
Quando o paciente apresenta uma ou mais das evidências mencionadas, é realizada uma endoscopia, que permite visualizar o interior do estômago e confirmar o dignóstico3.
Outro exame complementar é o teste para H. pylori, que pode ser feito pelo exame de fezes ou teste de respiratório3.
Quando o médico identifica alguma lesão suspeita durante a endoscopia, ele colhe uma amostra para fazer uma biopsia e, com isso, consegue analisar se a bactéria está presente3.
Os pólipos gástricos e possíveis feridas causadas por úlceras pépticas também podem ser identificadas durante o exame de imagem. Os pólipos são removidos e analisados em laboratório. Na maioria das vezes, são estruturas benignas2.
As feridas também são tratáveis e cicatrizam com o tratamento correto da gastrite crônica2.
Qual é o tratamento para gastrite crônica?
O tratamento para gastrite crônica inclui medicamentos, como antibióticos para eliminar o H. pylori, antiácidos, inibidores da bomba de prótons e bloqueadores de ácido. Além disso, mudanças nos hábitos alimentares, eliminação do consumo de bebida alcoólica e controle no uso de remédios analgésicos contribuem para a melhora do quadro3.
Entenda o papel de cada medicamento no protocolo:
Antibiótico
Quando a bactéria H. pylori é detectada, o antibiótico ajuda a eliminar a infecção. Nesses casos, é essencial seguir a prescrição do médico para que a ação do remédio seja efetiva. Depois do tratamento, um novo teste é realizado para confirmar a eliminação da bactéria3.
Inibidores da bomba de prótons
Esse tipo de remédio bloqueia a liberação de ácido no estômago, agindo nas células da parede estomacal que produzem a substância, ajudando a curar a mucosa do estômago. O uso de inibidores deve ser feito com cuidado e pelo período indicado3.
Bloqueadores de ácido
Os bloqueadores de ácido, ou bloqueadores de histamina H2, diminuem a quantidade de ácido liberado no trato digestivo, o que alivia a dor da gastrite e estimula a cicatrização3.
Antiácidos
O médico pode incluir um antiácido no protocolo de tratamento para neutralizar o ácido estomacal e proporcionar alívio rápido da dor. Porém, devido aos efeitos colaterais, os medicamentos acima são mais utilizados que os antiácidos3.
Antiespasmódicos
Os antiespasmódicos interrompem as contrações dolorosas dos músculos dos órgãos da região abdominal, incluindo o estômago4.
Buscopan é um exemplo de medicamento dessa categoria que proporciona alívio rápido e prolongado do sintoma. O butilbrometo de escopolamina relaxa a musculatura lisa do estômago, o que evita os movimentos involuntários (espasmos), aliviando a dor4.
Alimentação
Elimine o excesso de sal, gordura, álcool e a ingestão de carne vermelha e processada. Priorize no cardápio frutas, legumes, carnes magras, alimentos probióticos, proteínas de origem vegetal e alimentos integrais e ricos em fibras2.
Leia também: Dicas de refeições de café da manhã para evitar gastrite.
E lembre-se, ao sentir sintomas persistentes, procure imediatamente um gastroenterologista para se cuidar o quanto antes. Seguindo um protocolo de tratamento bem estruturado, é possível controlar a gastrite crônica e ter um estômago saudável novamente.
Sobre o autor
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